terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Meia Maratona dos Descobrimentos 2016



Já passaram duas longas semanas...

Não foi por falta de entusiasmo ou alegria que não escrevi antes... 
Foi cansaço, gripe e toda uma preguiça inexplicável.

21,1 km feitos! Oficiais e com direito a uma medalha.
Feliz!
FELIZ!
FELIZ FELIZ FELIZ!

Ainda que andasse a treinar, não a nível perfeito e profissional, mas andava a esforçar-me, o sentimento de falhanço não me largava. Tanto receio, tanta insegurança... Recusei-me a dizer à maior parte das pessoas que o ia fazer, assim guardava para mim caso falhasse. É um sentimento e pensamento absurdo quando o faço apenas por mim e a maior parte das pessoas não tem qualquer interesse se eu corro 1 km, 10 km ou 21 km, mas não sei porquê a partilha a mais mexia comigo, enervava-me...

Dia da prova, madruguei e comi nas calmas, chovia sem parar...

O pai alertou-me de roupa, levar o mínimo, calções, tshirt, quanto mais roupa com a chuva, mais peso... Assim o fiz.

Quando chegámos e me despi, ia morrendo de hipotermia, antes de a prova começar é doloroso. O pai improvisou-me um impermeável/corta vento made by Primark em versão saco de compras gigante, mas foi uma grande ajuda até a prova começar.

Começou!

Da prova quase toda o que me recordo mais sem dúvida é da chuva, os primeiros 12 km foram muito difíceis a esse nível, choveu sempre sem parar, algumas partes chovia de tal forma que parecia que picava na pele, levei uma pala para evitar levar com a chuva toda na cara e foi uma grande ajuda.

Ainda não tinha 5 km feitos e os meus pés eram autênticas piscinas, o percurso foi também um estilo de prova de obstáculos, na tentativa de não colocar directamente os pés numa poça de água e heis que chego aos 10 km e não tenho como evitar uma poça gigante, o percurso estava selado pelas laterais, não havia hipótese senão colocar os pés lá dentro, deve ter sido o único momento dos 21 km que parei, por meros segundos, fiquei sem reacção, deu-me uma paragem de cérebro, pensei, meti os pés dentro de água e continuei. 

Começava a abrandar, a partir dos 10 km comecei a abrandar sem retorno, foi automático, estava cansada obviamente e já pouca forma tinha para brincar com a mente, os primeiros quilómetros ia sempre a pensar, o que iria preparar para o lanche com as miúdas, inventei receitas, pensei na folga merecida que tinha na segunda-feira, pensei que era a minha primeira meia-maratona e que tinha que a fazer. Disse para mim mesma milhões de vezes "Hoje sais daqui com uma medalha de algo que sempre quiseste fazer!" e esse jogo psicológico sem dúvida que me ajudou a chegar ao fim.

O pai...

O pai é sempre a minha salvação, não me deixou parar, foi sempre o meu abastecimento ambulante, obrigava-me a beber água, mas era ele quem ia buscar as garrafas e as levava o percurso inteiro, aos 15 km davam bocados de banana que ele fez questão de tirar a casca e me dar e dizer para comer devagarinho, ainda que eu não quisesse, obrigou-me para reabastecer energias. 

Obrigado! Obrigado! Obrigado! Meu pai!

17km... comecei a querer quebrar. 

(Para quem não sabe o meu joelho desde Outubro de 2015 está a modos que "acidentado", em Dezembro de 2015 fiz uma Ressonância magnética que apresentou danos no menisco e liquido atrás da rótula, que poderiam então provocar a dor aguda que sentia a correr... Na altura ia para França, novo trabalho, nova etapa, não queria ser operada e não queria ter de parar de correr. O que é certo é que todas as vezes que faço corridas mais longas o joelho é sempre um sofrimento e nesta prova foi igual.)

Só queria parar, não sem como explicar, sentia que arrastava a perna esquerda toda, o meu joelho já quase não dobrava, sentia dores horríveis, mas lá está, tentei ao máximo jogar com o psicológico, completar o meu objectivo, mais 4 km não seriam nada, ia ganhar uma medalha, ia completar um objectivo um sonho e ia deixar o pai orgulhoso. Ainda a sofrer e com um ritmo pobre, consegui ir ultrapassando ao longo do tempo imensas pessoas, mesmo na recta final, nestes últimos quilómetros o que deixou feliz, por estar a persistir, por continuar, por lutar.

Ao longo desses quilómetros, sempre que olhava em frente lá ia o pai, a puxar por mim, a fazer-me sinais para avançar, para correr mais, para acelerar, mas poucas forças tinha para o fazer e sempre que me apercebia que ele ia olhar para trás baixava a cabeça porque não queria deixá-lo triste por não estar a lutar mais.

20 km. Só mais 1 km pensava eu. Mais 1 km e pouco. Força! Força! E nesse último quilómetro, não sei como nem porque, utilizei a pouca energia que restava em mim e acelerei o ritmo, ainda que nada de extraordinário, mas fiz um último esforço e aumentei a velocidade.

21 km!
Faltavam 100 metros.
O tanas... demoraram horrores, a meta parecia que não mudava de sítio, que neura!

META! Uauuu!

Mas complicada. E gostava de deixar um alerta:
Quando cheguei à meta 4 a 5 marmelos, felizes, o que compreendo, decidiram ir sentar-se no chão da meta para tirarem fotografias. Obviamente que eu percebo a alegria e a vontade de memorizar isto, mas porra, respeito pelos mais lentos, eu que vinha a correr é que me tinha que andar a desviar dos meninos e a passar quase por cima deles na meta, obviamente que o meu pai os chamou a atenção e estes só souberam reclamar e gozar.
Sei bem que o meu tempo pode parecer ridículo aos demais, mas também o fiz e sei bem o que me custou, se calhar bem mais do que a vocês que os fazem nas calmas em 1h30, mas fogo, as pessoas a chegar e vocês a sentarem-se em cima da meta, uns 4 ou 5 e a dificultarem a passagem e ainda resmungam e gozam, Lá está: zero respeito e más pessoas. Obviamente que o Staff também falhou. É preciso ter de ser eu ou o meu pai a falar? Deviam estar lá para controlar este tipo de situações. Com esta situação nem com foto de chegada fiquei porque estavam lá estes gajos todos. Obrigado queridos.

Bem... esquecendo estas coisas menos boas!
FEITA! 1º MEIA MARATONA OFICIAL!

Ainda que com o meu tempo longo e ritmo desajeitado.
Estou orgulhosa de mim! Estou profundamente feliz!

Agora treinar para fazer mais e melhores.

M.

2 comentários:

  1. Parabéns por tão bela estreia nos 21 km! :)
    Beijinhos

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    1. Não diria bela... mas cheguei ao final e para já sinto-me Feliz :)
      Mas... Obrigado!!! Feliz Natal!!!
      Beijinhos

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